sábado, 11 de junho de 2011

Elefante e a borboleta


O amor do elefante pela a borboleta que todos os dias batia suas lindas asas coloridas nos arredores de um jardim zoológico nostálgico onde crianças em fila indiana passeavam vez enquanto para admirar os animais.
A borboleta adorava voar e vagar como se dançasse uma valsa celestial investindo em movimentos mágicos sua despretensiosa existência sem notar que despertava no coração do imenso mamífero, palpitações de alegria por presenciar atenciosamente a linda bailarina delicada em suas apresentações.
O elefante recebia atenções especiais em seu cárcere. Os meninos e meninas adoravam quando soprava por sua tromba enorme um jato de água que se transformava num lindo arco íris de encontro ao sol.
Seu prato predileto?
Ervas com frutas e folhas de árvores.
Árvores estas que brotavam por todos os lados e que emanavam sombras e abrigo para o repouso de sua amada.
Ao aproximar-se do grande e esquisito animal a borboleta com cautela e discrição admirava suas formas arredondadas e o imenso território livre que dispunha para aproveitar o ar fresco que soprava ao entardecer.
O elefante sonhava todas as noites em declarar seus sentimentos para aquele sublime ser, mas os enormes contrastes faziam com que ele apenas a admirasse de longe.
A borboleta livre, frágil e ao mesmo tempo ágil e leve.
O elefante grande, forte, pesado e preso.
Ambos dividiam seus espaços em distintas realidades.
O elefante se imaginava voando ao lado da linda borboleta.
Ela adorava perceber a alegria e a empolgação das crianças ao encontrá-lo.
Enquanto se exibia para ela a sua maneira, ela admirava sua paciência e sua concentração.
Os dois nunca trocaram palavras, somente olhares. Mas algo os aproximava de maneira inexplicável.
O amor do elefante pela borboleta foi tornando-se cada vez maior e certo dia numa noite iluminada ele resolveu declamar um soneto que fizera pensando nela.
Percebeu que Greta (assim resolveu chamá-la) estava tranquilamente admirando as estrelas. Encontrou coragem e se aproximou. - Te vejo tão linda e tão livre voando pelos campos. Respirando as flores. Quando te aproximas fico mudo quase prendo a respiração para não assustá-la.Não saberia exatamente como dizer tudo que penso quando vejo-a leve e cintilante, graciosa em uma existência de harmonia quase em êxtase com a natureza.
Gostaria de ser pequeno e ter asas para acompanhá-la em todas as suas aventuras, de me elevar a mais do que uma imaginação que me conduza a caminhos aonde talvez nunca venha a conhecer. Sou feliz por adorar-te e admira-la sempre que resolve dar o ar de sua graça. Por outro lado tenho medo de que um dia resolva viajar para longe e nunca mais venha a sentir o imenso prazer que sinto ao despertar e esperar por suas aparições. Uma mistura de balé e teatro, com suas cores que me hipnotizam. Todo esse tempo em que cresci e convivi com esse pequeno espaço que me deram, nunca desejei estar distante de ti, embora tenha total consciência de que vivemos em mundos diferentes. Ao mesmo tempo prefiro estar condenado a esta prisão e ter o privilégio de suas visitas quando conseguimos nos ver do que estar livre e distante dos sentimentos que alimentam minhas verdadeiras intenções a seu respeito. Sei que nunca poderemos nos casar, pois nossas naturezas são muito diferentes, mas preciso dizer que te amo antes que seja tarde demais. Fiz um soneto pra ti e gostaria que lesse escondidinha em sua casa, não precisa me dizer se gostou ou não, pois antes de tudo sou um admirador confesso da forma como leva a sua vida e liberdade é a palavra que tenho para defini-la em meu coração.

A borboleta ouviu tudo silenciosamente, com um pequeno sorriso no canto da boca. Seus olhos refletiam uma admiração recíproca e ao mesmo tempo se encheram de lágrimas ao ouvir aquele monstro tão gentil e simpático se abrindo em belas palavras.
Disse:
- Ora meu querido elefante. Tenho toda a liberdade do mundo, posso ir onde quiser visitar quem eu quiser assistir e participar de tudo que me cerca. Posso voar e viajar longas distancias conhecer e admirar lindas flores. Posso até desaparecer e aparecer em lugares diferentes, mas por que achas que estou sempre aqui bailando por perto? Quando te vi pela primeira vez te achei estranho e diferente. Passei algum tempo da minha vida sendo uma pequena lagarta e morria de medo de que pudesse nem me perceber. O tempo foi me transformando, ganhei asas, cores e liberdade. Recebi da natureza o direito de ser e fazer o que quiser e escolhi ficar por aqui, vendo seu caminhar lento, mas constante,
sua determinação e paciência em divertir todas aquelas crianças com suas brincadeiras. Sinto-me feliz em compartilhar essa liberdade com você. Embora tenhamos um contraste de posições, quero que saiba que estarei sempre por perto, pois também preciso dizer que te amo e o amor é o desejo de encontrar alguém que viva sinceramente a liberdade de amar alguém só pelo bem querer.
Num vôo rápido a borboleta pousou bem na ponta da tromba do elefante. Os dois se olharam e nada mais foi preciso para justificar aquela relação e o sentimento que os unia.

Nem todas as diferenças.
Nem todas as limitações.
Nem a sensação de que controlas a vida
pode impedir que a semente de um amor verdadeiro
seja semeada quando existe cumplicidade e respeito.
Alguns mais livres.
Outros mais confortáveis.
Será possível amar mais de um ser?

Sim, disse a borboleta.
Mas eles nunca entenderão!!!!!!
              
                       Retirado do bloglog do Tico Santa Cruz

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